quarta-feira, 4 de março de 2009

Nós quem?

Des. Milson Coutinho discursa no plenário do Tribunal de Justiça
(Foto: site do TJMA)

Nós não somos corruptos, venais, bandidos e safados”. A frase é do desembargador Milson Coutinho, ao defender o Tribunal de Justiça, na sessão de segunda (02/03), convocada para referendar seu pedido de aposentadoria.


A matéria “Milson Coutinho defende a Justiça do Maranhão em sua despedida” está no site do TJ, segundo a qual: “Com a autoridade de quem não só trabalhou, como pesquisou a história do TJ e sua vida institucional, Coutinho bradou contra a generalização de comentários depreciativos feitos pela mídia a respeito da Justiça no Estado.”


Milson Coutinho: “Eu defendo esta casa, presidente. Eu conheço isto aqui, de presença e de pesquisa. Nós não somos isso. Nós não somos corruptos, venais, bandidos e safados. Somos uma Corte – a terceira mais antiga do Brasil – que recebeu as figuras mais eminentes e determinadas às suas carreiras”.


Cremos que nem na Cochinchina, na troca da toga pelo pijama, os integrantes das cortes passem a limpo os pecados coletivos.


Por séculos será necessário repetir – parece infantil – que as instituições (todas) são formadas por seres que ora apagam luzes e acendem trevas. Assim, suas defesa e ataque genéricos são irmãos siameses, e causam a mesma ojeriza, infantilizam.


Com efeito, não surgirá quem “defenda” uma justiça que se aplique em nepotismos, preguiças, desperdícios, ineficiências, concursos suspeitos, decisões idem. Mas, não investigar esses males e não extirpá-los equivale a proteger a doença em prejuízo do paciente. Pior, vitimiza os bons com o mesmo escárnio.


Prestes a completar 200 anos, foi na gestão do desembargador Milson Coutinho (2004-2005), que o Tribunal realizou seu primeiro concurso geral para servidores. E ele o anunciou que o faria, logo em seu discurso de posse, em 30/12/03.


Segundo o site do TJ, “a sua coragem em realizar o primeiro concurso [...] também foi lembrada em plenário.”


Evidência! Já que foi preciso coragem, alguma coisa estava errada com “as figuras mais eminentes e determinadas” que, por décadas, desfilaram na Corte. Quais?

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