quinta-feira, 4 de março de 2010

A voz

Encara a escrivã que se recusa a atender seu pedido de averbar uma “doação” de terras para o Estado, e ela se mostra inabalável, não cede. O “doador” tem pressa. Antes, noutra comarca, conseguira cancelar escrituras de compra e venda, exercitando a impostura de anunciar-se em nome do Tribunal. Se completar a doação do que não tem, ainda receberá uma compensação de créditos negociáveis, para bem forrar a burra. Insiste. Promete falas aos superiores, que poderão repreendê-la pela conduta hostil. Por isso, pouco demora, escuta, do outro lado da linha: “Aqui é da corregedoria. A senhora sabe quem está falando? É o juiz corregedor fulano, e estou lhe ordenando que a senhora faça a averbação". Apesar de surpresa, perspicaz, reage: “Com certeza não conheço o doutor e, assim, como vou saber se essa voz pertence a um juiz corregedor? Melhor que o senhor ponha a ordem num papel”. Não pôs. Poria?

Um comentário:

Rodrigo Bastos Raposo disse...


é uma boa receita...
ponha no papel...