terça-feira, 28 de setembro de 2010

A permuta

Mesmo que não fosse por amizade, esperava respeito à palavra empenhada. Não cogitava ver o humano pelo avesso. O fuxico, ainda quente, fremia ao telefone, alcançando a primeira onda de choro, antes da convulsão. A casa alugada, o ninho planejado, as emoções em dia, a carreira em ordem; logo deixaria a promotoria da região tocantina. Mas, tudo isso acabava de fenecer, ante a notícia de que a permuta pactuada estava rompida para atender desejo ordem superior. Aí, as regras da moralidade, sob os auspícios do vale-tudo, desciam a ladeira das explicações toscas. No colégio eleitoral restrito, a candidata precisava converter um voto rebelde, e para isso servira o mimo da permuta usurpada. Difícil conhecer todos os cães que habitam a alma. Vítima de alguns, além do choro copioso, sofreu dias desassossegados, para sentir suores sempre que ouve alguém dizer que a palavra garante um trato.

4 comentários:

Klycia disse...

Será que a "vítima" já conseguiu descobrir quem estava por trás de tudo?

Anônimo disse...

Colegas Klycia e Juarez,
A única vítima nessa estória é a ética. Nosso lateral sequer obteve a promessa de permulta por solidariedade. Todos sabemos, inclusive ele, o nome, sobrenome e motivos da desfeita.
Um abraço,
Samaroni Maia

juarez medeiros disse...



Caro Samaroni, não consegui captar a informação contida em “Nosso lateral sequer obteve a promessa de permuta por solidariedade”, pois a vítima de “A permuta” veste saia, e a outra parte nunca vi em jogos de bola.

Zé disse...



Juca,

Futebol não é muito o meu forte, mas acho que entendi o que o colega Samaroni falou no comentário do post "a permuta".

O lateral é aquele jogador que percorre o campo todo por um dos seus lados, auxilia na defesa e arma o ataque pelas laterais. Um lateral habilidoso bota a bola na cabeça do atacante que quiser. Na ocasião dessa permuta, estávamos nos dias que antecediam uma semifinal importante. O[A] técnico[a] do time não poderia arriscar que o lateral cruzasse na cabeça de quem ela sabia que não faria gol. Nesse time esse [a] atacante não joga mesmo! Era melhor mandar cruzar na cabeça de quem ainda pudesse ceder aos mimos, mesmo que escorraçado em declarações da técnica em coletiva à imprensa sobre sua atuação no campo de várzea do seu bairro. Algumas semanas antes desse mimo da permuta, esse jogador tinha sido criticado duramente no seu campo de várzea por quem veste saia, mas que não ostenta cordão verde, vermelho ou branco ao pescoço. Lembro que a "técnica" afirmou, como se o jogador fosse um novato "perna de pau", que se fosse preciso iria lá no campo de várzea pessoalmente e entraria ela mesmo em campo desfazendo toda a jogada dele. Ficou chato e era preciso acalmar os egos feridos por mera ânsia aos holofotes!

Concordando com o colega Samaroni, explico porque o lateral não recebeu a ordem da técnica para cruzar a próxima bola na cabeça da jogador [a] preterido[a]: é que nesse time ele[a] é "perna de pau". Não faria o gol de qualquer jeito e então se correria esse risco numa semifinal duríssima que se aproximava. Não deu então para o lateral prometer a próxima bola.

Se perguntar para o[a] jogador[a] preterido[a], ele[a] te diz o nome desse lateral, que acho até que ocupa essa posição em jogos de bola.

Grande abraço,
Zé.