domingo, 12 de setembro de 2010

Zorro

Não há como saber se chegou a viver com esse apelido, mas é como dele se recorda. Ministrara aulas no antigo Curso Normal, no prédio do Liceu, à tarde, pelo início dos anos setenta. Nada extraordinário, salvo uma atração peculiar pela antipatia. Ela o avistou, ainda, entre laboratórios, no campus do Bacanga, sem interesse em saber se estudava ou trabalhava por lá. Depois, veio o nunca mais, de quase quatro décadas, quando a existência dos ausentes cede lugar ao rito do esquecimento. Até que, nesta semana, a máquina do tempo, de chofre, o recolocou sob seu olhar. Mais precisamente do lado de fora da janela do carro, na rua em frente ao centro de veraneio do SESC, encurvando-se para cobrar um trocado, como flanelinha. Reconhecer aquela voz fastidiosa, cavou meio susto. Cinquenta centavos. Sem mútua lembrança, na dúvida se seria ele, saiu sem arriscar palavra. Mas era o estilo João Grandão, no tamanho, no andar, na cintura larga, na voz meio abobalhada. Calculou estar com uns sessenta. Por Deus, era mesmo o Zorro!

Um comentário:

Fernando Barreto disse...


Bom mesmo foi um certo Zorro que apareceu em Colinas pelos idos de 98/99.

Marco Aurélio Cordeiro e Bento Lima sabem tudo dessa história. Pergunte a eles.

Forte abraço,