sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Caçula


Poderia escrever os mais tristes versos, como o fez Neruda naquela noite; ou cantarolar as cordas do violão do vô: “saudade, palavra triste quando se perde um grande amor”.

Não há ontologia deontológica imprópria do positivismo reverso, ou seja, mestrado, que equacione a ausência da sua voz e a conversa de varanda que serena nossa noite do olho d'água. Da próxima, prefiro ser filha, pois meu coração agora é rasgo, sem possibilidade psicanalítica de reparação.

Para quem tem um pai como o meu, a saudade, mais que simples ausência, é como vício, um dia de cada vez.

No ritual, não olho o calendário, nem pergunto que dia é hoje, na ilusão sensorial de se fazer 2011, em São Luís, ao seu lado, outra vez. Espero que o tempo compreenda e desafie o próprio tempo, pois não há Paris – ou mundo - perto do seu encanto.

Fazer o que, nasci caçula.

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E eu, hein, o que vou dizer?
A cumplicidade que me permites contigo me faz viver outra vida.Tenho fugido de me encontrar com a saudade porque conheço sua dor. O que me alegra demais é saber que estamos juntos sempre. E sempre é logo ali.

Que sorte: nasci teu pai!
Mil novecentos e sessenta e dez beijos.

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