segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ô fome!

Desde que o site da Procuradoria-Geral de Justiça publicou o artigo “A fome de Cronos”, em 10 de março, fluíram mais de longos três meses, e ele continua lá, como impávido colosso! (Confira na captura de tela do site, de 17/06/11).

Temos amizade e admiração pelo autor, e franco respeito por suas ideias, mas quem determina a publicidade ad eternum do riscado tem óbvia finalidade: um desafio à esquelética impessoalidade.

“Você tem fome de quê?”

4 comentários:

Luis Gonzaga disse...

Prezado Juarez,

Recentemente vi neste blog, uma postagem de autoria da colega Themis, presidente do Conselho Editorial e Científico da Revista Eletrônica de Ciências Criminais, informando a retirada desta publicação, naquele importante instrumento criado quando estávamos à frente da AMPEM, com o objetivo de difundir conhecimento e publicar trabalhos científicos.

Naquela oportunidade, fiz um comentário (que não foi publicado) relatando e lamentando este fato, de que uma opinião pessoal tenha ficado tanto tempo exposta na página principal do site institucional, enquanto, outras matérias de interesse do próprio Ministério Público não tenham sido divulgadas, nem tenham merecido a devida atenção da Administração Superior, a exemplo do recente Ato Público realizado no dia 19 de maio, na Comarca de Bacabal, onde o MP, colocou nas ruas mais de 7mil pessoas em uma Caminhada da Cidadania para o enfrentamento ao abuso e exploração sexual, conforme ofícios anexos.

É imperioso registrar não ser a primeira vez que eventos promovidos pela 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Bacabal não sejam divulgados na página institucional do MP, inclusive tendo sido determinada a divulgação pelo Conselho Superior do Ministério Público, cuja decisão foi apreciada na Sessão Ordinária do dia 08 de outubro de 2010, conforme comprovantes anexos.

Registra-se que este blog tem sido utilizado como importante ferramenta de divulgação das idéias e ações efetivas realizadas por membros do Ministério Público maranhense.

Tornou-se bastante oportuna essa postagem, para que a Administração Superior reflita e saiba que a nossa “fome” é: por Justiça e Respeito ao princípio constitucional da impessoalidade.

Saudações ministeriais.

Luiz Gonzaga Martins Coêlho
Promotor de Justiça de Bacabal

Samaroni de Sousa Maia disse...


Caro Juarez,

Há uma frase de Zé Ramalho que se aplica perfeitamente a você em relação a esse artigo: "preciso e infalível como Bruce Lee".

Outra afirmação, essa da literatura, também se encaixa à situação que você aborda: "O rei está nu!".

Até quando vamos aplaudir essas ilegalidades, imoralidades e impessoalidades que desfilam diariamente no Ministério Público.
Por último, quero conclamar a todos para atendermos ao apelo de José Osmar: vamos nos reunir e conversar.

Um abraço,

Celso Coutinho, filho disse...

Em “A fome de Cronos”, exalto o aspecto positivo da crítica feita sem conotação pejorativa ou sectária. Portanto, deve a crítica compendiada na postagem “Ô fome!” ser bem recebida. Não falo para plateia quando recorro a Santo Agostinho: “Ouve a crítica. É uma forma de te ajudar. Tem cuidado com o elogio, pois pode ser uma bajulação”. Eu, realmente, acredito nessas palavras e as carrego comigo feito oração.

A referida postagem foi por mim lida e compreendida à luz da advertência de Santo Agostinho, extraindo o que tem de bom e esclarecendo o que está errado. Acho, mesmo, que o artigo “A fome de Cronos” já deveria estar ao lado dos artigos de outros colegas, no link da Biblioteca e, não mais, na página inicial do site do MP. Faço, inclusive, esse pedido publicamente à Administração. Contudo, ver na exposição do mencionado artigo uma quebra do princípio da impessoalidade representa, peço licença, uma daquelas flexões javertianas do cérebro, assim ilustrada por ALTAVILLA, em Psicologia Judiciária, obra de leitura obrigatória para aqueles que manejam, não somente, na área do direito, mas em todas que envolvam relações humanas e sociais: “O interesse público, ou de ordem pública, tem, necessariamente, prevalência, de modo a poder criar um dissídio com uma verdadeira e serena concepção de justiça, chegando a determinar uma particular e duradoura atitude espiritual, que pode ser considerada como uma verdadeira deformação profissional. Assim como o organismo, constrangido a uma contínua flexão de certos músculos, pode alterar a sua linha primitiva, também a psique, constrangida a adotar uma orientação constante, pode sofrer uma modificação dos seus processos lógicos. (...) Ora este trabalho se efetua constantemente, tendo sempre a mesma orientação, a mesma meta, pouco a pouco toda a personalidade psicológica, desde a percepção ao juízo, se modificará, tal como acontece com aquelas árvores que, ao sopro de um vento constante, resistem a princípio e retornam a sua posição vertical a cada pausa, mas, pouco a pouco, acabam por sofrer, estaticamente, a diretiva desse vento."

A exposição do artigo “A fome de Cronos” não tem qualquer propósito de promover o autor ou quem quer que seja, mas, sim, a ideia nele desenvolvida acerca de um tema de cunho nitidamente institucional, de fundamental importância para que o MP possa debater os seus problemas sem recair na tentação dos diabos de nos dividir entre bons e maus. Afinal, por que, então, não se identificar essa mesma quebra de princípio em publicações institucionais que trazem editados textos de membros, nesses casos, sim, eternizados? Não estou a dizer que se largue mão de uns para justificar outros. Estou afirmando que, em quaisquer desses casos, não há ofensa ao princípio da impessoalidade. (Continua...)

Celso Coutinho, filho disse...

(Continuação)

Ofensa há em distinguir-se uns dos outros pela pura conveniência da hora. Claro, devo aceitar que há aqueles que, sinceramente, pensam o inverso. O que é inaceitável, são alguns se dirigirem com ar ofendido ou burlesco ao que penso, etiquetando-o negativamente, porque não se abriga no pensamento elevado de uns sagrados por si mesmo. São os critérios frouxos e oportunos para separar probos de ímprobos que me causam incompreensão.

Faz-me lembrar a acusação contra Estevão – cristão - por Saulo de Tarso (ainda não convertido em Paulo) - judeu. Saulo presenciou, na igreja do “Caminho”, uma criança muda passar a falar após a intercessão de Estevão. Saulo, então, urdiu para que fosse formalizada uma acusação contra Estevão por feitiçaria, além de outras. E conseguiu, assim, levá-lo ao Sinédrio, em Jerusalém. No dia do interrogatório de Estevão, lá pelas tantas, Saulo, após expelir seu fel, buscou o golpe derradeiro: “Eu próprio vos vi curar uma jovem muda [...] Fui testemunha do fato e só a feitiçaria poderá elucidar seus ascendentes estranhos”. Imperturbado, Estevão respondeu: “E, contudo, o judaísmo está cheio desses fatos que julgais não compreender. Em virtude de que sortilégio conseguiu Moisés fazer jorrar de uma rocha a fonte de água via? Com que feitiçaria o povo eleito viu abrirem-se-lhe as ondas revoltas do mar para a necessária fuga do cativeiro? Com que talismã presumiu Josué atrasar a marcha do Sol? Não vedes, em tudo isso, os recursos da Providência Divina? De nós nada temos, e, todavia, no cumprimento do nosso dever, tudo devemos esperar da divina misericórdia”. Sem poder prosseguir na acusação, Saulo, com indisfarçável cólera, dirigiu-se ao sumo-sacerdote e disse-lhe que Estevão, enfim, tinha confessado a acusação.

Essa desconcertante falta de critério para se imputar erros é bem notada em alguns críticos da hora. Em relação a Juarez, a minha discordância, nesse caso particular, é quanto ao fato debatido e nele vejo um debatedor sincero. Mas há em quem nem sequer se vislumbra o ânimo veraz de mudar alguma coisa, senão alguém. No fundo, o que os incomoda não é a prática, é quem a pratica. E nisso possuem significativa companhia. A depender de quem seja, toleram mais, até tudo, ou menos, até nada. Suas críticas são visivelmente pessoais. Não demonstram enfado algum quando a exposição é de um de seus ungidos. Isso só falando em impessoalidade. Até a fineza tem dado lugar à hostilidade explícita, querendo fazer parecer que gozam de atributos de caráter que somente eles e os escolhidos possuem. A estes, lamento informar que a régua da moral não é detida com exclusividade por ninguém. Sei que isso lhes é duro, chega a ser aterrador. Não lhes questiono a honra, mas afirmo que a minha não é mais rasa que qualquer cabeça untada de unguento.