terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu te amo (4)

Gostavam-se. Tinham o palpitar cúmplice das convicções amorosas. Metade medo, metade encantamento. Uma semana após as aulas, mutuamente, cederam lugar ao aprisionamento dos olhares, ao joguinho dos bilhetes, aos sussurros demorados, aos toques de arrepio, aos sabores salivosos, aos delírios sem castidade. Tudo proibido. Em casa, então; elas bem o sabiam. Pai e mãe não cederiam cocho às modernidades do pecado. Menino é menino, menina é menina. Só isso. O mais seria arte do cão. Que não sabe o que é amar, nem querer bem. Elas, porém, tinham irmãos, que, pouco a pouco, também, mutuamente, se aprisionaram em olhares, sussurros e sabores. Resolveram-se. Quatrilho. Na intimidade assumiam-se duplas; na exterioridade, casais; com direito aos elogios da tradição. Até que.

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