sábado, 12 de maio de 2012

Quem se habilita?


PRECISA-SE DE UM ESTADISTA!

Por Carlos Henrique Brasil Teles de Menezes
Promotor de Justiça titular da 2ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de São Jose de Ribamar (MA)

Refletindo sobre aseleições para a Administração Superior do Ministério Públicomaranhense, sem querer impingir qualquer crítica, despojado queestou de qualquer ilusão decorrente de promessas de campanha, e poriniciativa absolutamente individual, como eleitor que sou e apto avotar nas eleições do próximo dia 14 de maio de 2012, chego àconclusão de que precisamos de um(a) estadista!

Com o perdão dosque eventualmente discordarem, dirijo-me agora aos candidatos àlista tríplice e ao cargo máximo do MPE, e afirmo que precisamos deum verdadeiro líder de estado, uma pessoa com habilidades na arte degerir e exercer a liderança política da instituição ministerial,apto a agir com sabedoria e sem limitações partidárias.

Estamos fartos dever os nossos direitos e as políticas institucionais seremconduzidas ao ralo por conta de conveniências pessoais e deimpublicáveis questiúnculas de apadrinhados desse ou daquelegrupo.

Nossa instituiçãohoje é refém dos rumores e humores da gestão, e nossos parestransitam pelos corredores da carreira sob as constantes ameaças dofantasma da sempre certa retaliação.

É com tristeza quevejo a nossa instituição, dotada de enorme envergadurajurídico-político-social, fragilizar-se e sucumbir pelainsustentabilidade de suas políticas e pela falta do mais necessáriodos combustíveis humanos: a liberdade para o cumprimento de suamissão!

Por que precisamos deum(a) estadista?

Exatamente pelalamentável situação em que nos encontramos, é que nos falta acompreensão de que o mais elevado posto da estruturapolítico-administrativa ministerial não é o pódio de narciso, nemo pedestal das bajulações, mas o altar do serviço!

Falta-nos a certeza deque, para o bem comum, quer intra ou extra-muros, o gestor maiorprecisa se despojar do amor à própria imagem e assumir o amor pelaimagem da instituição, à qual empresta a sua vida, seu coração eseu rosto por todo o tempo de seu mandato.

Falta-nos a convicçãode que, antes de ser um privilégio, o exercício da liderança trásem si uma série de ônus, que não são fáceis de serem suportados,mas precisam ser corajosamente enfrentados, com sobriedade e lucidez,para fazer valer a pena o sonho com a vitória maior, que não estána conquista do posto, mas na sua entrega ao sucessor(a), sejaeste(a) quem for, em uma realidade verdadeiramente maior e melhor doque no início da caminhada!

Falta-nos um(a)estadista que produza um caráter moral virtuoso na condução daspolíticas institucionais e seja capaz de promover o surgimento de umlegítimo sentimento pessoal de gosto e de valor por pertencermos àmesma valorosa instituição essencial à administração da Justiçae ao estado democrático de Direito.

Faltam-nos as virtudese os valores necessários à prática política do bom governo e dafigura do rei justo, marcadas pela unidade, comunhão e paz internas,necessárias a inspirar toda a família ministerial (inclusiveservidores e colaboradores) para a melhor prestação do serviçopúblico ao cidadão.

Falta-nos a habilidadede artista e de meticuloso estadista, adaptável ao seu contexto,capaz de harmonizar seu comportamento sem descaraterizar suasvirtudes, sem vender sua gestão ao inimigo, sem comercializar seusvalores pela pecúnia ou mesmo pela vã e inútil fama, verdadeirovinho dos tolos!

Falta-nos aconsistência e o compromisso de fazer o necessário para encorajaras boas práticas e exorcizar as más ações e seus autores, aindaque sejam próximos ou simpáticos ao rei, contagiando assim a todoscom a mesma disposição.

Falta-nos a disposiçãoe a voluntariedade do mártir que se dispõe a influenciar asociedade a galgar maior qualidade de vida, sem nenhum compromisso emmanter apenas as aparências de interesse dos governantes.

Falta-nos o apego aosacerdócio dos que se opõem à corrupção, por compreender que setrata da mais hedionda das condutas, verdadeira algoz das políticaspúblicas e coveira das autênticas chances de crescimento social.

Falta-nos um arquétipodo virtuoso agente político que, independente de seu cargo, funçãoou atribuição, deve promover a necessária Justiça, ao invés deprocurá-la como se perdida estivesse.

Falta-nos a liderançaque pense a longo prazo, além das próximas eleições, bem àfrente de sua própria geração, carreira ou gestão, e que tenha acoragem de assim decidir, ainda que que contrariando interesses hojedominantes e de seus simpatizantes.

Falta-nos o estadistainequivocamente comprometido com o interesse verdadeiramente social,coletivo, comum e indeterminado, e com a disposição de até mesmofrustrar a mesquinharia de seus patrícios ansiosos pelo efêmeroêxtase da ilusória riqueza do poder.

Falta-nos um(a) lídercorajoso, honrado e verdadeiro, livre da pusilanimidade, ainda que noreconhecimento de suas próprias fraquezas.

Apesar da poucatradição pátria na produção de estadistas, é exatamente poressa lamentável constatação que precisamos, sim, e com a máximaurgência, de um(a) estadista para liderar a instituiçãoministerial rumo a um horizonte digno e bem melhor do que hojepodemos vislumbrar, fazendo a ponte entre a visão e a realidade, coma disposição de alterar a complexidade presente e cotado dacompetência necessária para deixar um honrável legado para aspróximas gerações de cidadãos e de representantes ministeriais.

Precisa-se de um(a)estadista, hoje, no Ministério Público do Maranhão, com a máximaurgência!



Nenhum comentário: