domingo, 10 de junho de 2012

Visitas de cova



É definitivo. Férias acabam e há júri na quarta. Num cedo da manhã, matou-a a tiros, e ao entrevistar os lugares da execução, eu também me senti morrer, afinal conhecia-os desde antes do divórcio. Gente simples, resumidos numa casa de adobe, de quem os sorrisos escondiam mágoas, e as gentilezas aparentes eram capa de sua particular mina de ódio. Viviam a mesminha condição humana nossa. A vida matada só vale as lágrimas de alguns, antes de despencar no esquecimento do velório, das visitas de cova. Estatística para desconhecidos. Vale a pena matar, pois a pena é pouca, e se sobrevier o peso do pecado, proclama-se o alívio da confissão, reclama-se indulgência. Sobra mesmo é para o defunto, a não ser que creia na ressurreição.

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