domingo, 4 de novembro de 2012

Nem parece verdade


Domingo à noite. Alice e Luana não se largam. A mãe aproveita a folga, – que amanhã volta a envergar a farda do 18º Batalhão –, e selam o passeio com o mesmo gosto de sorvete e risos abundantes, pois a filha é uma prenda de alegrias. Tem nove anos, a pele e o olhar adocicado da mãe. A gravidez surpreendeu poucos meses após o concurso da polícia. Ai, aqueles tempos! Tranquila, agora, no administrativo. Estacionam à porta de casa, e logo rasgam-se três ou quatro gritos pavorosos da boca de Luana, enquanto dois homens arrastam Alice para fora do carro e perfuram sua cabeça com nove tiros, o primeiro dilacerando a garganta, para nada dizer; ou para calar, também, nossa voz, ou lustrar a indiferença. (Fonte)

Um comentário:

Haroldo Paiva de Brito disse...

Juarez, boa tarde!

Há tempos que não visito "O Parquet"; ou melhor, há tempos que não me manifesto sobre nada!
Mas, me obrigo a externar a angústia que senti, quando li o texto Nem Parece Verdade....

O ciclo da vida, quando interrompido de maneira abrupta, não nos causa repulsa, mas sim uma infindável tristeza. Uma tristeza extraída da constatação que nós, os humanos, pelo menos alguns poucos, acredito eu, nada, nada, nada mesmo aprendem da vida!

Que DEUS tenha piedade dessa gente que não respeita seu semelhante, que é capaz de extirpar a vida de uma mãe na presença de sua filha, ainda na tenra idade.

Que DEUS tenha piedade, na sua infinita sabedoria, de todos nós!

Abraço!