Quase assim.
Não tinha dúvida que eram muitos e alguns até belos, de bom gosto
e rima. Ouvira isso, para lustro da vaidade. Por eles nutria a
sensação que se guarda das coisas simples e puras, ditadas pela
honestidade de uma alma gentil. Mas saboreava incompletas lembranças,
e não conseguia resgatar da memória encanecida a mesma ordem
daquelas palavras e, principalmente, os efeitos que elas tinham
assumido com seu estilo – a seu único e parcial juízo –
inusitado e criativo. Vezes tentava, em vão, pois nenhum deles
retornava à luz, imolando-se a meio do caminho memorial, numa
sensação esquisita, repetitiva, perniciosa. Ora, ora. Justo quando
findos esses anos de trabalho pela sobrevivência, escalando os
degraus da aposentadoria, seria o momento de retocá-los e,
garimpando simpatias ou favores, publicá-los nalgum sarau literário
ou num respeitável espaço cibernético, já não os via, nem os
burilava por tempo considerável. Ó tempo rei! Mesmo com tanto
esforço nessa lida, não conseguia encontrá-los. Agora, atarantado,
indagava à mulher, à filha, ao neto, consultava o cachorro: Rita,
onde estão meus versos?
Um comentário:
Juarez, ótimo tê-lo de volta.
Abraços,
Sandro Lobato
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