Ela não
mais o quer. Não sabe se ainda o ama. Vive compenetrada no medo do
que ele diz e das coisas que ela ouve o mundo dizer; por isso teme a
morte e que ele a mate, mesmo. Descreve as fortes investidas do medo,
pondo as mãos sobre as faces, imitando o Grito de Munch, –
que não conheceu, nem terá tempo e motivos para isso. Só não quer
morrer baleada, assada, retalhada, como lhe anuncia com galhofa o
neto infame, – “filho” que cria há 16 anos, desde o parto.
Chora seu desassossego, esconde os olhos entre os dedos macilentos,
balança a cabeça, treme o corpo, perde-se em prantos, suspira,
implora entre gemidos. Não! Não! Não! Não! Não quero morrer;
tirem ele de minha casa. Ele abandonou os estudos e se inscreveu na
graduação da clássica rebeldia sem causa: álcool, fumo, farras,
xingamentos, ameaças, e já se abastece de outras drogas. Ao que
tudo indica, ela deve esperar a morte anunciada ou iniciar amizade
com algum desses santos que atendam milagres.
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