quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Do contrário

Embriagou-se. Das 8 às 22, ingeriu muita cerveja, catuaba, cachaça, amargosa e conhaque. Ali, pelas 23, sem ter nem pra que, cravou golpes de peixeira em duas pessoas que nem conhecia. Rasgou estômago e duodeno de um, penetrou a cavidade torácica do outro. Fugiu. Preso noutro amanhecer de 2001, tinha 19 anos. As vítimas, a custo, escaparam da morte, não das sequelas e de um judiciário farto de preguiça. Agora, oito anos após, o júri não o condena. Com a desclassificação, pega 8 anos meses de pena. Mas vem o sursis, um quase nada que todo mundo conhece. (E esqueceram da prescrição!)

Esse caso de Mirador tem novecentos similares. E, sem as facadas, novecentos milhares. Embriagar-se em público, pondo em perigo a segurança própria ou alheia, ou causando escândalo, sim, tem lei contra isso. Servir bebida para quem está bêbado, sim, tem lei. Mas, alguém vai querer aplicá-las?

Às vezes somos a sociedade da intolerância: não toleramos o respeito às boas regras de convivência. Não parece certo que cada um beba o quanto o bolso ou o corpo suportarem; que a oferta de álcool esteja disponível em qualquer lugar, todas as horas do dia. Pior, que tudo isso seja incentivado pela mais viva indiferença de quase todos nós.

Os efeitos do álcool povoam os gabinetes das Promotorias, diariamente. E, convenhamos, esse quadro só tem piorado e, ainda, vai se agravar mais. Todas as campanhas, mensagens, sugestões, são de incentivo ao consumo, e quase nada em sentido oposto.

Pequenos povoados, neste Maranhão, têm 8, 12, 15 bares. Ou seriam escolas de bebida? Neles ou em qualquer cidade, não há critérios, restrições, disciplinamento: um autêntico “quem manda é o freguês”.

E, quanto àquelas vítimas de tanto álcool? Que pena! Como dizem, tinha chegado seu dia.

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