Foto Nasa: O coração de Orion
Do colega Francisco Fernando de Morais Meneses Filho
Promotor de Justiça em Pastos Bons
Promotor de Justiça em Pastos Bons
Era uma vez, em um reino “NÃO TÃO, TÃO DISTANTE”, uma comunidade de Promotores e de Procuradores de Justiça...
Ali, conquanto houvesse alguns pequenos desentendimentos, todos viviam, de maneira geral, tranqüilos e em paz. Nomeavam-se agentes; proviam-se cargos; realizavam-se eventos, programas, seminários e conferências – tudo num ambiente harmônico, sem qualquer hostilidade ou desavença. De fato, mesmo durante as sucessões do trono, costumava haver somente dois ou, no máximo, três candidatos, os quais jamais tinham de expressar suas idéias em debates; afinal, discussões geram sempre o risco de discórdia e a estabilidade precisava de ser mantida a qualquer preço. Aliás, os pequenos focos de desavença restringiam-se a uns poucos “incendiários”, uns loucos, uns terroristas delinqüentes (também chamados de “BINLADENS”), que ousavam desestruturar as bases daquela pequena “comunidade unida”. “Felizmente”, esses transgressores da ordem estavam tão ilhados que eram incapazes de construir uma discussão contínua. Dessa forma, qualquer atentado contra a bonança era, imediatamente, reprimido; ou, muitas vezes, totalmente desprezado, porque incapaz de produzir um único arranhão aparente.
Para se ter uma idéia, na era de 2006, dois desses loucos (Francisco Fernando e Giovanni Papini) ousaram (que absurdo!) pedir uma investigação, para se apurarem comentários que se espraiavam entre os corredores do castelo e até nos sub-reinos do interior. Tratava-se de muitos burburinhos sobre a possível existência de parentes de nobres que, embora nomeados, teriam percebido verbas sem trabalhar. Os insanos, então, encaminharam um pedido de investigação; e, após serem instados a indicar o nome dos possíveis ausentes do serviço, apresentaram nomes de alguns fidalgos. Explicavam, porém, que não lhes seria possível afirmar que tais pessoas não laboravam, porque seus sub-reinos do interior situavam-se muito distantes da sede do poder. Tudo o que pediam é que aqueles fatos fossem investigados, de modo que, se verdadeiros, os parentes reais deveriam ressarcir o tesouro; se falsos, os nomes de tais nobres resultariam limpos e salvos da maledicência.
O pedido foi levado à apreciação do Colégio Real, que, diante daquele descalabro, emitiu a sua majestosa decisão: “arquive-se o procedimento por falta de fundamentação!”.
É claro que os transgressores indignaram-se; afinal, tudo o que desejavam era a apuração do fato. Todavia, a “sábia” decisão superior encerrou oficialmente (pelo menos naquele momento) a celeuma.
Eis que, dois anos depois, os gritos dos muitos loucos, assombrosamente, cresceram! Além daqueles dois, muitos insolentes robusteceram seus discursos e passaram a comentar esses e outros assuntos proibidos. Aliás, como se não bastasse, um deles montou um pequeno sítio, donde, diariamente, eram divulgadas as idéias mais revolucionárias e desviadas, que, pouco a pouco, foram sendo mais conhecidas.
Para agravar o quadro, quando da sucessão seguinte do governo, não mais existiam dois ou três candidatos; então, eram sete os que disputavam o trono. E não é só! Um dos postulantes, novamente, tocou no tema sacrossanto. Falou que conhecia nomes de parentes reais que, ilicitamente, estariam lotados em repartições do governo.
Enquanto isso, os clamores por redefinição de diretrizes reais reboavam. Exigiam-se medidas contra os costumes, de modo que a felicidade do reino estava em xeque. O CAOS INSTALARA-SE!
Fim.
“ _ Fim?! Como termina o conto? Não há um final feliz?”
“_É claro que há! É o CAOS! Ao contrário do que se imaginava há cem anos, o caminho até o aprimoramento não se dá através de uma ordem estática ou de uma paz constante. A bonança permanente é estéril, porque nada discute, nada produz, nada inquieta. Somente o caos é fértil; somente dele surgem interações físicas e humanas variadas. Foi graças a ele (e a Ele) que, a partir de uma tendência entrópica e criativa, a natureza e o universo atingiram o presente estágio. Assim se dá no mundo micro-físico; assim se dá no mundo macro-físico; assim se dá nas relações humanas e institucionais. O maior presente de qualquer “reino” é conseguir, de maneira equilibrada e aguerrida (simultaneamente), alcançar o estágio da auto-crítica, da discussão e da reformulação – fato somente possível mediante a audácia de um sem-números de “insanos” e de outros tantos “delinqüentes”. É só a partir daí que surge o verdadeiro debate; o lídimo aprimoramento; a genuína Democracia.”
Por tudo isso, viva os loucos! Viva os transgressores! Viva a Democracia! Bem-vindos ao caos!
.
.
Um comentário:
Bem vindo ao caos amigo Fernando! Bem vindo! É uma imensa alegria tê-lo conosco! O caos é maravilhoso! Não tenho a mínima saudade do "paraíso" que vivíamos.
Bem, não só os membros do MP, mas toda sociedade aguarda uma resposta da Instituição aos temas tratados ultimamente.
A crítica é importante, mas, se desacompanhada de atitude, nos joga na vala comum.
Do contrário, nosso MP vai, aos poucos, se desintegrar.
Postar um comentário