“Ponha o dedo aqui, por favor. Confere. Pode votar.”
Dentro de oito anos, essa deverá ser a rotina numa sessão eleitoral. É a previsão do TSE. Neste pleito de 2008 foram testadas as primeiras urnas biométricas em São João Batista (SC), Fátima do Sul (MS) e Colorado D'Oeste (RO).
Com a identificação do eleitor pela impressão digital será decretado o fim do voto por outrem, ainda comum nesses anos de título sem foto.
Para o lado em que a fraude é um negócio lucrativo, haverá que se descobrir o contragolpe. Ou melhor, implementá-lo, pois já está em curso e se ampliou nesta eleição.
Uma vez que não será possível votar no lugar do outro, e comprar o eleitor, sem ter certeza de que ele cumprirá o trato no teclado, continuará uma empreitada de risco, pois ele pode ficar com o dinheiro e votar no candidato do peito, para combater a tecnologia biométrica, o futuro será não somente reter o título e os documentos pra que não compareça às urnas, e devolvê-los após o resultado, mas reter o próprio eleitor, pela via remunerada, é claro.
Durante a campanha, militantes identificam eleitores que votam no adversário, mas são sensíveis a alguns trocados. Depois de mapeados, as abordagens não objetivam seduzi-lo a votar no candidato do militante, mas a entregar-lhe seus documentos, que serão devolvidos, “não se preocupe”.
Na gangorra aritmética, um voto a menos no adversário, eleva o outro prato da balança.
A conduta continuará sendo incriminada pelo artigo 299, do Código Eleitoral, mas essa nunca foi, nem será, a preocupação de fraudantes, fraudários e fraudadores: perder a eleição, sim.
Na municipal, nas cidades menores, em que um ou umas dezenas de votos decidem, aumentar a abstenção em reduto inimigo será estratégico. E nada como o velho incentivo pecuniário para convencer alguns eleitores a “entregarem” seus documentos e a deixarem o dedo em casa.
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