Faz um ano (17/05/10) a última eleição para a Chefia do Ministério Público. Nos votos: Raimundo Nonato (152), Fátima Travassos (146), Francisco Barros (72) e Gilberto Câmara (66). Depois de meações, mimos e mesuras, em 31/05, a nomeação. A segunda colocada.
E, daqui a um ano?
Sem ilusões.
O governo constatou que não nomear o mais votado não lhe provoca azia ou má digestão. Ao contrário, pode aumentar-lhe o apetite e os quitutes.
O governo constatou que não nomear o mais votado não lhe provoca azia ou má digestão. Ao contrário, pode aumentar-lhe o apetite e os quitutes.
Internamente, o processo começa a ganhar o ritmo tímido das conversas ao pé das orelhas. Sussurram “será?”, “não acredito!”, “faz sentido!”, "vou pensar". Percebe-se um “deus me livre!”, aqui, outro “nossa senhora!”, acolá; e o sempre apocalíptico “aí, vai ser o fim!”.
O que mais assusta é conferir que há os dispostos a não ter independência alguma, que se sentem constrangidos com a liberdade, a ponto de quererem se livrar dela como de um incômodo penduricalho. Por certo, não há novidade no estilo que consagrou na pátria mãe o cabresto: “― Voto em quem fulano mandar!”.
Quem vai usar?
Quem vai usar?
Quem vai ousar?
Um comentário:
Caro Juarez
O engraçado de tudo isso é que o Ministério Público combate externamente práticas eleitoreiras muito parecidas com as que vimos observando dentro da nossa instituição. A grande diferença é que devemos ser exemplos, especialmente porque cobramos diuturnamente impessoalidade, moralidade e honestidade dos nossos gestores públicos estaduais e municipais. Precisamos rever determinadas práticas eleitoreiras que se arraigaram ao longo dos anos apenas por busca de poder, o que, de certo, fragiliza o MP internamente e perante a sociedade. Impende que ampliemos nossa visão de independência além do aspecto funcional, para que tenhamos independência também da na forma de pensar o nosso MP, o que passa necessariamente por mudanças na forma de cada membro se relacionar com a Administração Superior nos processos eleitorais.
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