A noite
mordera a última claridade sobre o afastado vale. A mulher
arrodeara caminho por trás das casas e encarara a forte subida em
direção ao Mucunã. Lá do alto, ecoara seu grito, “Vambora,
primo!”. Sua língua alcançara todos os viventes presos ao
silêncio do povoado abaixo, e ferira a sombra da alma no homem com
quem vivera os últimos três anos, pois esse primo seria um outro
que sob o grau de parente passara umas semanas com o casal e,
desconfiança plena, teria ido além. Os dois homens toparam-se ao pé da
ladeira. Num átimo, o primo decepou os dedos da mão esquerda do
injuriado, lancetou-lhe a pá e vazou-lhe as costelas com violentos golpes de
foice, sob os olhos tesos do escuro, levantando aos ouvidos de Deus mais uma súplica de agonia. Na sala de
audiência, ela amanha as respostas para longe dos fatos. Ninguém
lhe pode resistir. Não é só o hálito empestado de odores
residuais de álcool reforçados com sarro de cigarro brabo. Não é
só o ar que se embriaga na raiz das axilas a cada movimento de seu
corpo e rodopia rumo às narinas com a respiração contida dos
circunstantes. Não é só a nhaca que exala dos trilhões de poros confirmando indícios de banhos não tomados. Não. É tudo. Todos se
esforçam para disfarçar o entojo causado pela avalanche de cheiros nauseabundos. Dissimuladamente, a escrivã aplica borrifos
desodorizantes sob a mesa. Em vão. Ninguém escapa. E pouco pode ser
feito, salvo resistir e abreviar a oitiva. Depois que sai,
suspende-se a sessão, abre-se a sala, pega-se um ar. Alguém
arrisca em voz alta, como é que esses caras...
domingo, 23 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Pro debate (1)
Caro
Juarez,
Li
recentemente a sua postagem referente à possibilidade de um debate
entre os pré-candidatos à Presidência da AMPEM.
Achei-a
bastante interessante, porquanto materializa a oportunidade dos
colegas conhecerem melhor as propostas e o pensamento dos que se
propõem a dirigir a nossa entidade de classe.
Contudo,
gostaria de fazer algumas ponderações acerca de eventual
acontecimento.
Até o
presente momento não há candidaturas registradas. Esse fato somente
ocorrerá quando a atual Diretoria da AMPEM regulamentar a eleição.
No último
dia 10 do fluente mês enderecei ofício à Presidente, ainda não
respondido, por meio do qual solicitei diversas informações, além
de pedir, também, que fosse agendada reunião para discussão das
regras disciplinadoras do pleito que se avizinha.
Nesse
mesmo ofício solicitei dados referentes à contabilidade: despesas,
receitas, débitos e créditos; requeri a relação completiva dos
prestadores de serviço, eventuais e fixos, a exemplo de escritórios
de advocacia, buffet, comunicação/correspondência, além de
demonstrativo dos valores gastos nos últimos eventos mais
significativos (carnaval, São João, dia das mães, dos pais, das
crianças etc), com a informação referente à forma de contratação.
E mais,
pedi a relação dos atuais empregados, suas respectivas funções e
remuneração, além de informações sobre a forma de contratação.
Por fim, ainda no ofício, requeri fosse fornecida a relação
completiva de viagens da Presidência e da Diretoria nos próximos
três meses, além da relação de eventos dentro desse mesmo
período.
Tais
informações são necessárias à construção de um programa
calcado na realidade de nossa AMPEM, de modo a evitar a apresentação
de propostas que não sejam exequíveis.
Estou
conversando com os colegas para colher as impressões sobre o que
esperam de nossa entidade de classe. Essas impressões irão compor
um grande apanhado, e dele sairão as convergências que
materializarão o nosso plano de metas. Entendo ser esta a forma mais
democrática de buscar administrar a AMPEM, isto é, trazer para a
execução o que pensa a maioria dos associados e não apenas o
candidato.
Assim,
sugiro ao colega que o debate ocorra apenas depois de registradas as
candidaturas, pois pode aparecer outro que também se disponha a
servir o Ministério Público e a sociedade por meio da AMPEM e todos
os candidatos teriam a chance de participar de tão necessário
debate, o que seria mais democrático. Desse modo, coloco-me à
disposição da classe para debater as ideias, o que acho, aliás,
imprescindível.
Entretanto,
sugiro que o organizador e ou mediador, seja escolhido dentre quem
indiscutivelmente seja ou esteja neutro, na medida em que o outro
colega pré-candidato, a quem respeito e rendo homenagens, atualmente
ocupa cargo na Diretoria de nossa valorosa AMPEM.
Forte a
fraternal abraço.
Ednarg
Marques
domingo, 16 de outubro de 2011
Ruas
De Manoel de
Barros, Noções de ruas, do Livro Poesias, 1956.
“[...]
Certa
feita
Uma rua
de subúrbio, há muitos anos,
Botou no
meu encalço uma de suas casas
Com
jardinzinho fronteiro
Só para
enternecer...
De fato:
seu jardinzinho
Seu gato
Sua dona
(os joelhos brancos à mostra!)
O pé de
manacá
E mais
aquelas suas grades, tão roídas de ferrugens, quase me arrebentam
de ternuras idiotas...
Que
descontrole, meu Deus!
Se não
me agacho me casava naqueles joelhos...
Essas
doces ruinhas ou alamedas
Esquecidas
em sua tranquilidade de coisas anônimas ‒
cuidado com elas!
São
infestadas de lobos solitários...”
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Debates
Nesta semana, tivemos
eleição para o Conselho Superior (03/10). A próxima será para a
Diretoria da Associação do Ministério Público. E, em maio...
tchan-tchan-tchan-tchan... Chefia do MP. Para a primeira, não
houve debate ‒
salvo o netdebate, do colega José Márcio. Os candidatos Cutrim e
Ednarg topam? A AMPEM pode promovê-lo? Que tal?
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Mães
“Mãe?”
‒
chamava, de repente. Minutos depois, repetia-o, como súplica:
“Mãe?”. Abria os olhos, que nada mais podiam distinguir, e por
um instante fugaz fitava sem rumo a luz esmaecida do quarto 230.
Entrecortava a agitada respiração agônica e, de novo: “Mãe?” ‒
balbuciava, inconsciente. Selava os olhos e entregava um pouco mais
da vida nos braços da santa morte, até que avançada a agonia de horas, nada mais pôde dizer. Com as dores untadas pela fé, os lábios em
eterna prece, a mãe, septuagenária, rente ao leito, incansável em
tudo, naquele combate de três anos contra um câncer de mama,
relutava em entregar a filha para a eternidade, afligindo-se por não
ter alcançado do Criador a cura. Aquele suspiroso “Mãe?” não
era só para a despedida, mas para a (re)encontrada. Havia outra
que a acolhia, divina, na crença que a animava. Antes, despedira-se
de todos, com afago, humor e fé. Tinha ciência do inevitável e, sem
medo, ia ao seu encontro. Agora, a mente me carrega inúmeras vezes ao
mesmo quarto, ajuntando as lágrimas soltas da saudade, para vê-la
mais uma vez suspirar “Mãe?”. Ouço o silêncio; que o mais é mistério.
(Minha
irmã Maria do Socorro faleceu segunda-feira (03/10), com 54 anos.
Aos que a confortaram e nos confortaram, gratidão.)
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
A que ponto
Do Blog do Itevaldo, publicado hoje:
Cabe ao desembargador
Raimundo Nonato de Souza, relator do Mandado de Segurança nº
26.169/2011, ajuizado em 21/09/11, pela procuradora Themis Carvalho,
decidir sobre pedido de prisão da Procuradora-Geral
de Justiça, Maria de Fátima Travassos. (Leia a inicial)
Ela afirma que a
Procuradora-geral descumpre decisão liminar do desembargador Marcelo
Carvalho, proferida no plantão de 22/09, para que determinasse
a suspensão do desconto a título de ressarcimento ao erário, de
valor que teria sido pago à impetrante por conta de substituição, mas a
impetrada não o fez, embora tenha sido cientificada da decisão.
Diz que: “Mesmo tendo
tempo suficiente para adotar as providencias cabíveis ao seu
cumprimento, de modo deliberado a procuradora-geral deixou de dar
efetividade à mesma, descumprindo assim, ordem judicial, conforme
comprova o documento em anexo, extrato bancário da impetrante, no
qual consta o valor líquido depositado hoje 26.09.2011 e cópia do
contracheque no qual consta o desconto cuja não incidência foi
determinada por autoridade judiciária competente.” E requer que a
Procuradora-geral, “no prazo máximo de 24h, a contar da intimação
do despacho, deposite o valor descontado a título de ressarcimento
ao erário”.
Além disso...
(Leia a postagem original)
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Resultado
Resultado da eleição para o Conselho Superior do Ministério Público, realizada hoje (03/10):
Conselheiros titulares:
1- Francisco das Chagas Barros de Sousa: 161 votos
2- Raimundo Nonato Carvalho: 156 votos
3- Regina Almeida Rocha: 142 votos
4- Suvamy Vivekananda Meireles: 132 votos
5- Rita de Cássia Baptista Moreira : 131 votos
Conselheiros Suplentes:
1- Eduardo Jorge Hiluy Nicolau: 130 votos
2- José Argôlo Ferrão Coelho: 112 votos
3- Joaquim Henrique de Carvalho Lobato: 105 votos
4- Marilea Campos dos Santos Costa : 86 votos
5- Themis Maria Pacheco de Carvalho: 71 votos
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