Não vi a sessão do STF sobre o caso Palocci (27/08). Se tivesse, presumo, o resultado não seria diferente. Devem existir belas escolas, correntes, teorias, teses e dissertações sobre todos os aspectos técnicos, humanos, políticos, históricos, religiosos, socilógicos, pedagógicos, antropológicos e escatológicos do julgamento.
Post factum, conferi a curiosa entronização, na suprema corte nacional, de um dos brocardos populares mais festejados como apanágio de uma justiça de classes. O ministro Marco Aurélio Mello foi o arauto: “a corda sempre estoura do lado mais fraco”.
Teria dito menos do que pretendia. O povo, sob o genético medo que a “justiça” impõe, pronuncia de outro modo: “a corda sempre arrebenta (estoura) do lado do mais fraco.”
Em princípio, a versão aureliana corresponderia ao sentimento de verdadeira justiça: naturalmente, o lado que fosse mais fraco em provas e argumentos deveria perder.
A versão popular, preposicionada, todavia, não releva nada disso. Tem por certo que o fraco sempre perde. Não importa que as provas mais robustas e os argumentos mais festejados estejam do lado do mais fraco, o forte sairá vencedor, como regra do jogo, porque terá o juiz.
Na contramão de tantos que pugnam por uma justiça igualitária, essa decisão do STF entronizou o dito. Agora, a imagem da justiça deverá perder a balança, e em suas mãos se deitará uma corda, que, ora servirá como açoite, ora como forca. Para os fracos.
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