domingo, 22 de maio de 2011

Em frente

Do colega Samaroni de Sousa Maia, promotor de justiça em São José de Ribamar:

Estou filiado no grupo que concorda que Marco Antônio tem toda razão!

Na minha opinião, somente poderemos promover modificações na estrutura atual do Ministério Público maranhense sob o comando de um Promotor de Justiça. Mesmo que eventualmente a possibilidade de um Promotor de Justiça ser eleito membro do CSMP seja ventilada durante as eleições (lembram da pergunta do colega Vicente para uma Procuradora que se classificou como “legalista” em um debate na AMPEM?), esse assunto logo é esquecido após o pleito.

Até o presente, nenhum Procurador de Justiça demonstrou o menor interesse em democratizar o Ministério Público. A pequena paróquia continua alternando entre seus membros o comando da Instituição, em grande parte, devido a nossa omissão ou, pior, contando com nossas ações típicas de cabo eleitoral (ensaio de perguntas em debates, defesas “gratuitas” em eventos públicos etc.).

Quanto a alguns comentários que começam a aflorar publicamente, expresso minha alegria com as mudanças de visão de seus autores, antes fiéis escudeiros de candidaturas, hoje críticos de políticas clientelistas. Parabéns por enxergarem a luz! Espero que estejam inspirados pelo incômodo do mau cheiro que nos acomete, não pela contrariedade de interesses particulares.

Continuando, entendo que para mudarmos é imprescindível colocar em segundo plano o interesse particular – lotação, promoção, remoção, as diárias, as autorizações de afastamento para cursos, as férias, as substituições, as gratificações, o bolso, a vaidade e comodidade de ocupar um cargo de assessoramento – e pensar na Instituição.

Ao fazer minhas próximas escolhas terei que responder algumas perguntas: prefiro respeito trabalhando diariamente, brigando com bandidos, expondo-me a riscos ou ser membro de um Ministério Público desmoralizado, onde as brigas internas e as denúncias de abusos, desvios e omissões são estampadas diariamente nos meios de comunicação?

Quero um LÍDER que lute ao meu lado e se sustente pelo exemplo ou um chefe que realize eventos para me dizer que não devo processar prefeitos, secretários de estado e lhes confira elogios, beijos e abraços em público? Afinal, por que foi mesmo que me tornei Promotor de Justiça?

Vejo tantos se vendendo por tão pouco que, lamentavelmente, como disse Osmar, quando pensamos que chegamos ao fim do poço, uma voz lá de baixo grita informando que há muita lama ainda para ser retirada.

Continuo sonhando e vejo que temos colegas que podem dirigir a Instituição e recuperar sua altivez e seu respeito.

(Antes que alguém comente, antecipo-me em dizer que, certamente, eu não me enquadro nesse perfil. Não sou conciliador, tampouco tenho “trânsito” ou “jogo de cintura”. Eu sou um infante! Quero estar na frente de batalha contra aqueles que empobrecem nosso Maranhão, sangram os cofres públicos, enriquecem ilicitamente à custa da miséria da maioria! Quero que minha Instituição tenha um líder, não um chefe escolhido por conveniência de quem pretende carta branca para roubar em paz!). Eu não me imagino sendo chamado de “SASSÁ” por um Secretário de Estado em um evento público promovido por minha Instituição!

Desculpo-me desde logo com quem se acha capaz de exercer esse papel, mas o primeiro nome que me vem à cabeça é o do colega ABEL, embora acredite que tantos outros possam ser capazes. Ele vê e quer um Ministério Público bem diferente do que temos atualmente; é trabalhador e honesto; é conciliador, mas sabe que, para melhorarmos, alguns interesses terão que ser contrariados em prol do MP e, sobretudo, da sociedade.

Não sei se Abel ou qualquer outro Promotor serão candidatos, mas acho que nós Promotores temos que nos unir em torno dessa ideia e formarmos uma lista composta unicamente por Promotores que se comprometam e tenham capacidade de promover essa mudança necessária a qual o colega Carlos Henrique B. T. de Menezes se refere.

Essa é minha opinião e espero que possamos somar para atingir esse objetivo de reerguer o Ministério Público.

Um comentário:

Marco Antonio Santos Amorim disse...


Caro Samaroni,

Com a criação de 12 (doze) vagas na capital, mais a possibilidade de 03 (três) aposentadorias em vista, a classe parece não estar muito disposta a discutir essas questões. Permanecerá resmungando pelos cantos sem qualquer consequência, até, quem sabe, chegar a hora do benefício. Jamais se mudará a instituição se não mudar a mentalidade de quem a integra. Lamentável...