quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Criação

Sempre que esquisitices usurpam a forma razoável do trato, minha filha murmura “deve ter sido criado por vó”. Supõe alguém que viveu excessos de mimos, vontades, caprichos e quejandos e, por isso, não equilibra os tiques entre seus “ticos” e “tecos”.

Desde o que cai os dentes se disser um bom dia, a que arma barraco pra roubar atenção, o que fala alto e grosseiro temendo o silêncio, a que todo dia interpreta seu novo papel de vítima, o salvador da pátria.

Sim, nada contra as avós, apenas alguns produtos estragados. O ministério público, a magistratura e outra dúzia de terrenas instituições têm desses filhos criados por vó. Chiliques, surtos, fricotes, melindres. Gritos no corredor? Sua excelência, o rei (ou rainha) da cocada preta, hoje, incorporou alguma divindade. Saravá!

Leio que o ministro Gilmar Mendes desancou o ministério público. De novo. Sem a lucidez reclamada pelo grau, tomando parte pelo todo. Mas, logo, recebeu troco.

Óbvio, nessas instituições há falhas e tranpolinagens mal combatitas (na verdade, quase incentivadas) durante anos. Mas, daí, generalizar...

Quando vejo o ministro com essa sutileza de mamífero proboscídeo numa loja de cristais, destilando esbugalhado passionalismo, indago: filha, esse também?

3 comentários:

Rodrigo Bastos Raposo disse...

Mamífero proboscídeo criado pela avó!
Melhor sair de perto.
Abraço, Juarez.

sandro bíscaro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sandro bíscaro disse...

Li a matéria à respeito.
O MP de São Paulo disse que lá, promotor não deixa processo nas prateleiras.
Será que aqui no Maranhão, nós também podemos fazer a mesma afirmação?
E mais, estamos peticionando pelo impulsionamento oficial e adotando as devidas providências, para que os processos também não fiquem nas prateleiras dos juízes? Ou simplesmente nos desincumbimos de qualquer responsabilidade imediatamente após a propositura da ACP, sem qualquer compromisso com seus resultados práticos?
Sinceramente, acho que uma parte da culpa é, sim, do MP, que, muitas vezes, tem assistido passivamente processos dormirem nas prateleiras, aos argumento de "não se indispor". Para tanto, basta ver as notícias do site: não se fala de sentenças em ACPs.
A verdade é que se o MP, com as garantias que só ele e o Judiciário têm, não tem coragem de provocar o impulsionamento do processo, quem então deveria ter? O padre?