quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Modus operandi

Enquanto isso, na sala de justiça, numa releitura do confronto entre os desembargadores Bayma e Rachid, ocorrido na sessão plenária do Tribunal de Justiça, nesta quarta (21/10), percebe-se que problemas dessa ordem seriam rapidamente resolvidos se o tribunal contratasse especialistas em eufemismos. Só assim, não se ouviriam mais palavras como as que ecoaram hoje naquele plenário: ladrão, corrupto, marginal, bandido, moleque, vendedor de sentenças... Vejamos:

― É como voto. E digo mais, Sua Excelência, o juiz por quem Vossa Excelência tem dileta amizade, tem aumentado seu patrimônio de forma acelerada, passando ao largo dos procedimentos lícitos. Na verdade, em outros tempos, seria crucificado ao lado de Cristo. Se nada lhe acontece para frear o ímpeto de por olhos obesos sobre propriedades alheias, é porque nesta casa recebe conselhos para manter sua conduta sem se preocupar com pequenas barreiras.

― Calma, meu ex-amigo. Talvez Vossa Excelência já tenha agido à margem de algum dispositivo legal. Que culpa teria Vossa Excelência se algum dia, enquanto relatava um processo, vosso assessor recebeu uma cártula preenchida e achou por bem descontá-la? Penso que Vossa Excelência se porta como pessoa cuja palavra não recebe um grau positivo de credibilidade, alguém cuja conceituação elementar guarda identidade com os que usam colarinhos alvejados.

― Ora, meu ex-amigo. Louvo a naturalidade com que declamais vossos doestos, mas a qualidade dos acórdãos lavrados por Vossa Excelência é infinitamente superior aos milhares de recortes retangulares de papel moeda que vez por outra estacionam em vossa inscrição bancária.

― Nossa amizade é recíproca, mas sustento que um voto de Vossa Excelência tem a dimensão de uma consultoria especializada, razão pela qual não estranho que os interessados manifestem sua gratidão ampliando o patrimônio de Vossa Excelência com doações livres de declarações ao fisco nacional.

Nesa altura o presidente interfere: Sugiro aos colegas que estanquem essa rezinga que pode propiciar a publicidade de práticas que deveriam permanecer restritas à conjugação do verbo fazer na primeira e segunda pessoas do presente do indicativo.

3 comentários:

Anônimo disse...

"...conjugação do verbo fazer na primeira e segunda pessoas do presente do indicativo".

Cuidado com as conjugações verbais...





Presente

eu faço
tu fazes
ele/ela faz
nós fazemos
vós fazeis
eles/elas fazem

Pretérito perfeito
eu fiz
tu fizeste
ele fez
nós fizemos
vós fizestes
eles/elas fizeram

Pretérito imperfeito
eu fazia
tu fazias
ele/ela fazia
nós fazíamos
vós fazíeis
eles/elas faziam

Anônimo disse...

Essa ofensa mútua entre Desembargadores reflete de forma inegável a necessidade de uma investigação por parte do Conselho Nacional de Justiça sobre os crimes praticados pelo ... de Barreirinhas. O próprio fato de oferecer terreno ao ex-presidente... já revela situação esdrúxula, que compromete nao só o ex-presidente, mas tambem, todos que integram o..., pois pairam dúvidas, com exceção do Desembargador..., de que outros... possam ter aceito terrenos grilados na... de Barreirinhas por parte do... que nao querem que seja investigado. A afirmação do Desembargador além de demonstrar uma indignação pessoal, demonstra ainda que esse continua tendo a capacidade de se indignar com estas situações reinantes no nosso.... A Carta Capital há 2 semanas trouxe reportagem do Min. Gilson Dip, na qual foram denunciados Desembargadores do TJ-MA, que claudicaram no seu munus por apenas verbas de diárias, entre eles o próprio..., futuro presidente. Esta é a situação do TJ-MA, cuja... que tem a função de dar exemplo, é um exemplo a não ser seguido. Há de se questionar até que ponto essa... tem independência moral para fazer investigação dos seus próprios membros, quando o... claudica, tendo que devolver dinheiros obtidos ilicitamente. Será que tudo isso nao é mera fumaça, para dizer que a... está fazendo alguma coisa? Lamentável, Lamentável...Continua tudo igual no quartel de Abrantes

Não me identifico porque serei perseguida pela ira dos que se acham deuses.

Ítalo Gustavo Leite disse...

Esse diálogo é impagável. Só mesmo o humor para nos fazer tolerar o tolos de cara alegre.