O pai a engravidou sete vezes. Sessenta e três meses. Mais de cinco anos prenhe. Tanto quanto o abuso, estarrece o tempo abundante e a falha das instâncias que poderiam detectá-lo. Parentela, vizinhança (afastada, mas não tanto), agentes de saúde, catequizadores, políticos, cabos eleitorais, comerciantes. Quem sabia se omitiu; quem desconfiava, calou, em favor de um inferno. E as pobres vítimas nem têm como alcançar a dimensão de suas tragédias. Com a miséria latejando nos poros, quando cessar a solidariedade momentânea, minguará o futuro de Sandra Maria e seus filhos. Deveríamos, pelo menos, apreender essas dores para enfraquecer outras tragédias.
Um comentário:
Bem lembrado. A solidariedade é sempre momentânea. Em pouco tempo, teremos esquecido a dor, que ainda não estará cicatrizada. Seres humanos...
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