montagem em desenho de paulo vieira - ori |
Silêncio e provocação, e a convivência talvez perdure por falta de opções, ou porque seja mesmo o destino cotado de ambos, que, agora, afivelam desprezos na ponta da língua, instigando qualquer ouvinte a tomar dores em sua guerra particular. Não fosse crime ou pecado, uma arma, e o dedo da morte libertaria a mulher do esmagamento cotidiano, no seu ímpeto de partir ou ficar. Mas a pobreza não lhes permite dividir o pouco sem mais sucumbir, que meia-casa não lhes serve. Além do mútuo desassossego, os filhos entram no pelotão das ofensas, pois, embora crescidos, permanecem em casa, sem as obediências servis, eriçando-se contra o pai. “Ela é por eles”, ataca. “O branquim bebeu com o diabo no couro; cinco homens pra segurar. O morenim já me jurou de morte.” Enquanto ela revolve um contra-ataque, minha alma evapora diante do pai, em cujo coração os filhos nem têm mais nome.
5 comentários:
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Muito triste. Não são problemas incomuns.
Ao contrário, todos os dias algo parecido acontece nas cidades do interior maranhense ou mesmo nos bairros da periferia da capital.
E como se soluciona isso?
Parabéns pelo texto. Acho excelente a forma linguística e o conteúdo fático destacado. O cotidiano das relações humanas que as profissões do Direito nos fazem deparar dia a dia podem servir aos iluminados para grandes reflexões. Alguns profissionais, como o senhor, tem essa sensibilidade de análise do caso, diante da tristeza pela desfragmentação de famílias em situações de miséria, humilhações etc. Desses textos, procuro sempre tirar grandes lições. Obrigado!
O "não sei quem disse", na verdade, era e sou eu, José Cavalcante de Alencar Junior.
oi juarez, tudo bem?
seu texto é muito bom.
não gostei foi dessa interferência no desenho que o ilustra. não que ela seja ruim, mas é que gosto muito do meu desenho original.abç!
paulo vieira
Com certeza, Paulo. Seu desenho é expressivo, cativante. Parabéns pelo talento. Boa sorte!
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