sábado, 30 de outubro de 2010

Nomes

 George Washington, 1º presidente dos EUA, em 1789.

Antes de falar, procurou no saco plástico um papelzinho amarrotado. A moça do cartório não se animara a aceitar o nome para o registro da criança. Mas era gosto do pai, e desconhecia todas as razões dele, que recorrera aos cuidados linguísticos da cunhada. A estudante anotara como lhe apetecera, escondendo a própria hesitação. Não era de novela recente, com certeza. Do estrangeiro, sim; inglês, provavelmente. Mesmo redito, a primeira dúvida, o nome não vencia: sexo. Afirmou menino; e tinha meses. A moça agourou a tormenta do garoto para o resto da vida: soletrar. Para prová-lo, sugeriu um teste. Nenhum circunstante, à simples pronúncia, conseguiu grafá-lo como estava no recorte: Clouzy. Recomendou uma conversa em família, e voltasse com um nome mais fácil. No outro dia, a serventuária esteve no coro dos amargurados com os dois a um da Holanda sobre o Brasil, mas logo recuperou o riso com a ruína da Argentina, sob os tentos de Miroslav Klose. Ah!, então era isso, o polaco Klose. Na segunda-feira, a mulher retornou com outro papelzinho: Uósto.

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