segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Márcia de Oliveira Jacintho

Márcia de Oliveira Jacintho. Foto disponível no site UOL

M
ãe. Durante seis anos investigou o assassinato do próprio filho, Hanry, estudante, de 16 anos, com um tiro no peito. Moradora do Morro do Gambá, no Rio de Janeiro, não era delegada ou policial. Só mãe obstinada. Deixou o emprego de vendedora e passou a cobrar atenção e ação das autoridades. Encontrou apoio na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia do Rio e na ONG Justiça Global.

Tudo começou em 21/11/2002. A polícia alegou que o jovem era traficante e morrera numa troca de tiros com policiais. Ela sabia que não era verdade. Sua falta de conhecimentos técnicos, pois só tinha o ensino fundamental, não a impediu de mergulhar numa investigação por conta própria.

Agora (02/09), depois de seis anos, foram condenados os policiais militares Paulo Roberto Paschuini e Marcos Alves da Silva. O primeiro a nove anos de reclusão, por homicídio simples e fraude processual; o segundo, a três anos e dois meses de detenção, por fraude processual.

A dedicação de Márcia rendeu reportagens e posts Brasil afora. Merecidas. Emocionam. Mas o que chama a atenção é o valor da vida diante de uma fraude processual. Prisão, mesmo, então, será pouquinha.

Nesse ritmo, no futuro, condenação se resumirá a uma espécie de diploma que o réu será "constrangido" a guardar em casa.


Um comentário:

susiorti disse...

Conheci a história da Marcia hoje através da matéria da BBC http://www.bbc.com/news/world-latin-america-35167744
Fiquei extremamente comovida, triste e inspirada pela sua coragem pois além de ser mãe, sinto enorme repudio pela brutalidade policial em nosso país e cujas mortes seguem impunes. Como cita a matéria da BBC, esse é um caso raro. Então parabéns a essa grande mulher que apesar da dor irreparável seguiu em frente provando que é possível sim fazer com que a lei seja aplicada.