quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Travessura

Imaginava que seria o caso de alguma diligência a ser cumprida à ultima hora, quando o recado chegou à porta do fórum, que sua excelência precisava falar-lhe, que fosse à sala de audiências, sem demora. Não seria bem isso, mas, talvez, fosse. Pelo sim, pelo não, melhor ir logo, pois “deus” era meio difícil, que até o parquet se esquivava de suas idiossincrasias, guardando silêncio ou fingindo cegueira, para não borrar a caderneta do bom relacionamento entre as altas figuras da comarca, quanto mais ele que há pouco chegara ao posto de meirinho, graças a uns arranjos que nem precisam ser anotados, ou podem ficar para outra oportunidade. Ou nada disso! É que saíra de casa preocupado com o filho que estava febril, depois de uns banhos escondidos no Mearim. Despistando a última baforada, entrou na sala e nem precisou se aproximar tanto para receber o encargo. Sua excelência foi enfático, irônico e cínico: “Ô, Josué, diz lá pro teu prefeito que ele só esqueceu de comprar os travesseiros!” Cravou-se o indispensável sorriso amarelo no oficial, para fingir que esse encargo lhe pertencia.

Nenhum comentário: