O dia levantou faz horas. Meninos nas escolas. Panelas esperando fogão. De suas casas bem aproximadas, vizinhas se incomodam com gritos abafados. Ouvem murros, pancadas na parede, alguns “ai, ai, meu deus!”. A voz apertada é de mulher. A da direita meneia a cabeça, reprova. A defronte repete o gesto com pesar. Ninguém se atreve a ir à porta e meter o verbo na contenda de marido e mulher. Ora, ora, quem diria, o professor, ali, de próximo, um homem violento! Ah, mas não se pode tolerar que espanque a mulher. O telefone do colégio? Logo conto à diretora!
Alô!
Quem está falando?
O professor.
Quem?!
O professor.
Quero falar com a diretora.
Pois não.
Diretora, quem era?
O professor?
Como?! Ele não está em casa?
Claro que não. Está na sala dele, desde as 7. Agora, é intervalo.
No regresso, nenhum sinal de almoço, mulher e móveis; as roupas (dele) espalhadas pela casa. Sem demora, vê-se lançado numa viatura. O fastidioso delegado só encara os fatos vencida uma longa sesta. A vizinha, confrontada com as fotos da “espancada”, não vacila: “na casa, ela estava só, mais ninguém, depois chegou o pai num carro e ajuntou os móveis”.
Rola um divórcio.
Alô!
Quem está falando?
O professor.
Quem?!
O professor.
Quero falar com a diretora.
Pois não.
Diretora, quem era?
O professor?
Como?! Ele não está em casa?
Claro que não. Está na sala dele, desde as 7. Agora, é intervalo.
No regresso, nenhum sinal de almoço, mulher e móveis; as roupas (dele) espalhadas pela casa. Sem demora, vê-se lançado numa viatura. O fastidioso delegado só encara os fatos vencida uma longa sesta. A vizinha, confrontada com as fotos da “espancada”, não vacila: “na casa, ela estava só, mais ninguém, depois chegou o pai num carro e ajuntou os móveis”.
Rola um divórcio.
Um comentário:
Vou considerar isto um conto. Um belo conto. Faz parte da nossa Ilíada diária.
Parabéns.
Ítalo Gustavo Leite
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