Aos 10 anos, vindos de Bacabal, firmamos moradia no bairro do Lira: Rua Oliveira Lima, Rua João Ribeiro, depois, Rua Monteiro Lobato, fundos pro mangue. Eita, anos de ladeira! Ao lado, o muro do Cemitério do Gavião, no caminho de todo dia para o Liceu. Logo, me intrigou a curiosa frase reivindicatória ladeando seu pórtico: “Nós, os ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.” Dei de ombros, eu não tinha tantos entendimentos sobre a morte. “Isso é para quem vai morrer”, pensei, “não para nós, crianças.” Não demorou, levaram minha irmãzinha caçula. Agora, lembro que aqueles ossos pacientes ainda reivindicam os meus. Mas, nada sei sobre o tempo que me resta. Quem sabe do seu? ― Carpe diem!
Imagem capturada aqui
Um comentário:
Essa crônica foi muito bonita. Essa foto melhor ainda.
Ítalo Gustavo Leite.
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