Espanto geral. Separaram-se. Ele, 82, ela, 80, depois de 61. À porta da matriz, o pároco indaga, incrédulo. Na praça, em frente, taxistas confirmam. Até as pedras cochicham: é verdade. Mas nada de fórum, cartório, advogado. Sem papelada, mesmo; na boca do povo. Os próximos documentos, só de óbito. Ele ficou, ela saiu pra casa do mais novo, por trás do mercado. Parentes, afilhados e amigos é que não se conformam. Como aceitar a quebra do que viam inteiro? Mensagens, estratagemas, conversas delicadas, num frenesi sem sucesso. Somam-se os dias, e, decidida, não volta. A quem lhe reclama compaixão, que ele está sofrendo muito, sugere, com ironia, “Leva! Aguentei demais. Pode levar!”
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