Almejando continuar no mando, medita sobre a filosofia das mãos, do dar para receber, pois se o palácio é quem escolhe, não pode contrariá-lo; conta ponto agraciá-lo com mimos na imprensa e, mais ainda, atender seus pedidos de clientela, em telefonemas aparentemente despretensiosos, codificados na linguagem do favor, “se possível”. De olho na lista tríplice, na fatura a ser cobrada, anota o pedido do vice, que postula a remoção de um analista, para mais perto de casa, filho de um graduado compadre eleitoral. É por tão nobilíssima causa que dribla o princípio da discricionariedade e, sem alternativa para praticar a remoção direta, põe na bandeja uma esdrúxula redistribuição do cargo, ― providencial remoção indireta ―, deitando junto às favas a impessoalidade, a isonomia e outros princípios subalternos ao eco ou ego do poder. O vice, ufano, não ficou calado.
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