quarta-feira, 22 de abril de 2009

É feio

Talvez não apareça quem possa atirar a primeira pedra. Todo mundo já discutiu, bateu boca, foi além. Com um filho, um amigo, um irmão, um vizinho, um chefe, um colega, a cara metade. Discutiu com o pai ou com a mãe. E aí? Seguimos para o túmulo: é a vida. Há paz nos cemitérios. No mundo dos homens há vozes e emoções. O Supremo, ora o Supremo não é um tabernáculo. Apesar do título pomposo, não é supremo, é carne, ossos e sangue. Não chamamos uma bolsa londrina para apostar: quem levou a melhor ou quem merecia. A questão não é essa. Vai sempre aparecer quem diga “é feio discutir”. E é mesmo. Mas, quando a gente se espanta já aconteceu, disse tudo e o escambau. Como a pedra atirada, palavra dita não volta. O bom é que as pessoas podem voltar. Se quiserem.



Bate-boca entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, na sessão de hoje (22), do Supremo Tribunal Federal.

Um comentário:

- disse...

FERNANDO BARRETO:Não tem nada de feio. Feio é a covardia, a condescendência, a prevaricação. Feio é a genuflexão das instituições aos desmandos do Poder. Feio é a traição dos compromissos assumidos com a Constituição e com a Lei.

O Ministro Joaquim Barbosa agiu como deve agir um homem de bem. Agiu como deve agir um membro do Ministério Público, mesmo quando chega a um Tribunal Superior, e se torna Magistrado.

O Ministro Joaquim Barbosa mostrou a têmpera daqueles que têm caráter, dos que nada devem e por isso nada temem. Agiu como aqueles que não se escondem atrás dos "alamares verbais", dos data venias, permissas venias e outras hipocrisias, que nos ensinaram a colocar naquelas frases em que se pretende criticar, quando criticar é necessário.

Magistrados e Membros do Ministério Público são seres humanos. Adora-se lembrar disso na hora dos deslizes, mas não quando agem como seres humanos dignos, que expressam o que pensam e sabem reprimir os excessos, quando eles aparecem, mesmo que se use mais do que petições e representações a órgãos superiores, em defesa da probidade e da seriedade nas próprias instituições. Se preciso for, então que seja no grito.

A provocação não surgiu do Ministro Joaquim Barbosa, ele apenas reagiu, e não poderia nem deveria fazer diferente.

Estava em defesa de sua honra, como cidadão e magistrado. Ele merece é um aplauso, o respeito. Mostrou que não foi picado pela mosca da covardia, que continua firme e decidido, em defesa de valores, que a sociedade só se apercebe da importância quando a degeneração moral bate em sua porta.

Parabéns a Joaquim Barbosa, quisera ter vários, pois seria melhor.