terça-feira, 13 de abril de 2010

Gilberto

Colegas do Ministério Público Maranhense,

Muito antes de ingressar no Ministério Público do Maranhão, aprovado no concurso de 1995 e nomeado em 1997, via nesse órgão um importante parceiro da sociedade na busca da efetivação de seus direitos, notadamente aqueles que passaram a fazer parte da nova ordem constitucional de 1988. A instituição, dotada de novas funções, somada àquelas tradicionais do “Promotor Público”, órgão de acusação, viu-se com várias missões a serem cumpridas desde a proteção ao consumidor, do patrimônio público, passando pela defesa do meio ambiente e das minorias (criança e adolescente, idoso, portadores de necessidades especiais, dentre outros), enfim, dos direitos constitucionais do cidadão.

Passados mais de 20 anos da promulgação da “Constituição Cidadã”, não podemos dizer que nada foi feito pelo Ministério Público do Maranhão para assegurar, dentro do novo perfil do MP brasileiro, o acesso da população aos seus direitos básicos e essenciais. Nesse sentido, já integrante do Ministério Público, testemunhei, ao longo da minha caminhada profissional, grandes ações institucionais: a exigência de realização, pelos Municípios, de concurso público para contratação de pessoal, bem como a garantia de pagamento de salário mínimo para o funcionalismo público; a campanha “Escola, direito da criança, dever de todos nós”; a firme atuação no combate ao crime organizado que tentou tomar conta do Estado; o Programa Contas na Mão; o fomento à criação de Conselhos Tutelares e de Direitos.

Dando um salto nessa narrativa, atualmente vemos um órgão que vem caindo no descrédito perante a sociedade e perante nós mesmos, muito embora a esmagadora maioria de seus membros trabalhe duro em prol dessa mesma sociedade, mas o estamos fazendo de forma desorganizada. O Fórum Permanente do MP é um espaço que vem se esvaziando e perdendo a credibilidade.

Se por um lado a cobrança social pela melhor prestação de serviço é necessária e salutar, por outro, atualmente, qualquer um se acha no direito de achincalhar o Ministério Público Maranhense e seus membros, e isso vem acontecendo porque esse Ministério Público encontra-se muito longe daquilo que sonhamos, incompatível que está a atuação da instituição como um todo para a envergadura de suas missões constitucionais. E quem não ocupa o seu espaço nesta sociedade pós-moderna, o perderá, fenômeno que já se experimenta em relação à Defensoria Pública. Limitamo-nos a cumprir passivamente as metas estabelecidas pelo Poder Judiciário. Não é esse o Ministério Público que queremos.

Não sei se o/a colega que lê este documento chegará à mesma conclusão, mas estamos em crise, momento oportuno para uma mudança de paradigma, a começar pelas eleições para o cargo de Procurador Geral de Justiça, através de um projeto institucional que contemple as necessidades tanto da classe como dos servidores como da sociedade a qual temos a obrigação de bem defender.

O nefasto caso da sede das Promotorias de Justiça da Capital será um desafio à nova administração, problema não resolvido pelos Procuradores-Gerais que antecederam o futuro PGJ, impondo aos Promotores de Justiça que, após árdua caminhada, chegaram ao topo da carreira em primeiro grau, péssimas condições de trabalho, o que só deprecia a instituição. Os colegas da entrância final têm toda a minha solidariedade e apoio em sua justa luta.

É tomado pela convicção de que precisamos mudar o nosso rumo que, após intensas reflexões, compartilhadas com muitos colegas, que resolvi ingressar nessa disputa, no legítimo espaço democrático constitucionalmente garantido ao membro que possui mais de dez anos na carreira. Tenho por objetivo apresentar práticas e ideias inovadoras, na construção de um projeto coletivo capaz de fazer retornar a boa convivência interna entre todos nós, respeitadas as diferenças naturais entre os indivíduos que compõem uma classe. Isso somente será possível pela eleição de um candidato capaz de reunir à mesma mesa todos aqueles que fazem o Ministério Público do Maranhão, resgatando o princípio da impessoalidade nas suas ações institucionais e administrativas.

O processo de renovação é inevitável e irá acontecer, mais cedo ou mais tarde. No nosso caso precisamos saber a decisão a ser tomada. Continuar com aquilo que aí está ou perder o medo de trilhar novos rumos.

Junte-se a nós, dando suas sugestões pelo e-mail “mudamp@gmail.com” até o dia 21/04/2010, para que possa ser, após análise de compatibilidade com suas bases, integrante do projeto institucional do novo MP/MA. O maior desafio do futuro Procurador-Geral de Justiça é resgatar o orgulho em ser membro do Ministério Público do Maranhão.

Até breve.
Gilberto Câmara
São Luís, 12 de abril de 2010

4 comentários:

Gustavo disse...

Ótimas palavras mas infelizmente o mais do mesmo irá permanecer.
Aposto aqui com todos 10 reais e um copo de chopp como isso que estou falando irá se concretizar.
Não estou sendo negativista e sim realista.
Ainda há muitos rabos presos.

Ivana Lima Regis disse...

O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, vai responder ao vivo, às 18 horas do dia 16 de abril (sexta-feira), na TV Justiça, a perguntas enviadas para o YouTube. Mande perguntas em formato de texto ou vídeo por meio do Canal do STF no YouTube (www.youtube.com/stf). E não deixe de votar nas suas perguntas preferidas, inclusive as enviadas por outros internautas. As mais votadas serão respondidas pelo ministro Gilmar Mendes.

Não sei quem disse disse...


Doutor Gilberto,

Antes de comentar, quero lhe parabenizar por esta jornada.

Conheci o promotor Gilberto atuando na comarca de Codó, embora já...

(O comentarista esqueceu de se identificar. Não publicamos anônimos)

Samaroni de Sousa Maia disse...


Caro Gilberto,

Parabéns pela corajosa atitude de disponibilizar seu nome nesse pleito, tornando-o uma verdadeira eleição e obrigado por proporcionar ao Ministério Público uma real alternativa de renovação.

Por convicção, votaria apenas em você, entretanto, a forma como são realizadas nossas eleições, onde é permitido tudo o que combatemos nas outras eleições em que atuamos como fiscal (por coincidência, enquanto digitava essa mensagem, olhei ao lado deste micro e vi que o destaque no mês de abril do calendário distribuído pela AMPEM é “Abuso do poder político”), decidi votar em três dos quatros candidatos, de modo a não contribuir para que nenhum dos concorrentes possa “exigir” uma nomeação sob o argumento de sua superlegitimação advinda de uma grande diferença em relação aos demais.

Boa sorte!
Samaroni de Sousa Maia
Promotor de Justiça de São José de Ribamar