quinta-feira, 11 de junho de 2009

Os filhinhos

Palavra do ministro Gilson Langaro Dipp, Corregedor do Conselho Nacional de Justiça, publicada no Jornal Folha de São Paulo, edição de 08/06, pôs os tribunais de justiça do Maranhão e do Piauí em situação muito desconfortável. Eis o trecho da entrevista:

FOLHA — Qual Estado o surpreendeu pelo grau de irregularidades?
DIPP — Cada um tem a sua peculiaridade. Talvez, no primeiro momento, a Bahia. Depois, nós vimos que não era o pior. Temos o Maranhão, o Piauí, com deficiências orçamentárias, com má aplicação dos parcos recursos orçamentários. Há excesso de servidores em cargos de confiança nos tribunais e poucos servidores destinados ao juiz de primeiro grau.

O blogue do jornalista Itevaldo Júnior repercutiu a entrevista (veja). Um de seus leitores, Flaviano Furtado, postou o seguinte comentário:

"Isso não me surpreende. Um judiciário contaminado até a medula por tráfico de influência, corrupção, advocacia administrativa, enfim, completamente alheio à cidadania, não se espera outra coisa.

Basta olhar os filhinhos, sobrinhos, noras e genros, de juízes e desembargadores, que mal saem das salas do CEUMA, que aprendem mal a assinar o próprio nome, e enriquecem da noite para o dia na advocacia na justiça estadual. Esse gênios, que enriquecem na justiça comum, não têm um processo na justiça federal, porque lá a coisa é diferente.

Os guerreiro, os cutrim, os sauaia, os nunes carvalho (nemias), os rachid, os sarney etc, etc, etc, etc…."

Sobre a postagem e esse comentário do leitor, o desembargador José Stélio Nunes Muniz valorizou o debate, apresentando ao jornalista o seguinte texto:

“Itevaldo: No Tribunal do Maranhão temos ainda que corrigir muitas coisas, mas não posso concordar com as avaliações do Min. Gilson Dipp quando diz que temos um dos piores tribunais do país.

O CNJ, na gestão do ministro, inspecionou todos aqueles tribunais que você noticia acima, [Minas Gerais (Justiça Federal), Bahia, Piauí, Amazonas, Pará, Maranhão, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Sul (Tribunal Militar) e Espírito Santo] onde foram encontradas graves irregularidades e ilegalidades.

No tribunal do Espírito Santo o presidente, um desembargador e um juiz foram afastados; o presidente chegou a ser preso, e por razões óbvias, perdeu o cargo eletivo e deve estar respondendo a processo administrativo e criminal.

No tribunal do Amazonas, o Corregedor Geral de Justiça foi afastado do cargo face a um monte de irregularidades; devem ter sido muito graves os atos por ele praticado.

No Rio Grande do Sul um desembargador federal foi afastado do cargo por práticas condenáveis.

São referências exemplificativas, mas uma coisa é certa, quando acontecem medidas como as que foram tomadas no ES e no AM, alcançando membros da mesa diretora do poder, é por as ocorrências ali foram absurdas.

Aqui, no TJMA, não temos ninguém, sequer, ameaçado de sofrer uma medida tão drástica, mas o Ministro Gilson Dipp fez questão de distinguir o TJMA para qualificá-lo de forma tão depreciativa. Foi uma avaliação, no mínimo, equivocada. e, se não foi equívoco então foi pura antipatia mesmo com o nosso Tribunal.

Os problemas sérios que tivemos aqui aconteceram na gestão do Desembargador Galba Maranhão e foram detectados por nós e pelo CNJ. Nós tomamos as providências que eram cabíveis. Esses são os casos que o RELATÓRIO do CNJ identifica o TJMA como um dos piores do país como se nós tivéssemos parado naquele tempo. Não é assim.

O tribunal está desenvolvendo um esforço muito grande em todas áreas da gestão, especialmente, no aspecto legislativo interno para regular procedimentos com vista ao aperfeiçoamento de nossas práticas administrativas e vamos sim alcançar nossos objetivos. É só uma questão de tempo.

Temos problemas com o caso dos militares, com o caso dos veículos dos desembargadores e com o quadro de pessoal dos gabinetes que serão equacionados nos próximos dias.

Por outro lado temos coisas que nos afetam muito mais como são aquelas referidas pelo “Flaviano Furtado”.

Há indícios de que o falatório relacionado a advogados, filhos de juízes e de desembargadores, seja verdadeiro. Esse é o tipo de coisa que nos inquieta e deve ser investigada com PRIORIDADE porque mexe muito com o nosso bem mais valioso que é a credibilidade.

Acreditem, nós, juízes e desembargadores, estamos muito preocupados com a nossa imagem.”

E agora, quem tomará providências? Os pais, os filhos ou os espíritos santos?

Um comentário:

Maria Flor disse...

Com certeza acreditamos que vossas excelências estejam preocupados com vossas imagens.
Eis o problema. É preciso preocupar-se para além dela. É preciso mudar a essência.